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CINCO DEDOS JÁ BASTAM!

Texto de Laura Aubusson, 31 de Agosto de 2016

Tradução livre: Alessandro Fagundes

A pequena Ella, de dois anos, tem somente uma mão, mas sua orgulhosa mamãe Laura afirma que ela não é deficiente e quer que as pessoas parem de focar no lado negativo.

Laura Holbrook, 24 anos, é a orgulhosa mamãe da pequena Ella, que adora andar de patinete e agora está aprendendo a abotoar sua blusa. Diferentemente de suas amigas, Ella nasceu com uma diferença de membros congênita. Ela tem um braço mais curto que outro, sem a mão.

Mas Laura, da cidade de Collaroy, ao norte de Sidney, na Austrália, diz que Ella é uma criança valente, que pode não só fazer o que quiser na vida, como também fazer isso com autoconfiança e segurança.

 

“As pessoas sempre perguntam: o que ela não pode fazer? Quais são as coisas que ela mais precisa se esforçar pra fazer? Ela consegue fazer as coisas normalmente? Mas minha filha não precisa fazer um grande esforço para fazer as coisas, ela simplesmente não reconhece a diferença. Um de seus braços é mais curto, mas agora ela está aprendendo a abotoar a sua própria blusa. É surpreendente como ela usa seu cotovelo como nós usaríamos a mão”, afirma Laura.

 

A CAUSA DA CONDIÇÃO DE ELLA É DESCONHECIDA

Laura e seu companheiro Ben descobriram sobre a diferença de membro do seu primeiro bebê no exame de ultrassom da 20ª semana de gestação. Disseram a eles que alguma coisa havia acontecido entre a 4ª e a 7ª semana da gravidez, causando a interrupção do crescimento do braço de Ella. A causa ainda é desconhecida.

Ben e Laura com sua filha Ella.

Foto: Dodge Photography

Em um primeiro momento o casal ficou chocado, mas Ben foi rápido em acalmar Laura. Ben lembrou que quando ele era criança, conheceu um garoto bastante autoconfiante que tinha a mesma diferença de membro que Ella.

Laura continuava temerosa, e se esforçava para tentar entender que tipo de impacto isso teria no desenvolvimento de Ella. Um medo recorrente era de que Ella nunca pudesse ser capaz de andar de bicicleta ou de patinete, ou de fazer coisas que seus amigos pudessem. Mas esse medo agora se foi.

 

“Semana passada nós trouxemos para ela um patinete e foi simplesmente incrível ver como Ella brincava com o patinete”, diz Laura. “Ela é tão boa nisso, que nem está sentindo falta da mão”, afirma Laura.

Laura também começou a entrar em contato com a Aussie Hands Foundation, e como resultado, tem encontrado muitas crianças com membros similares ao de Ella.

“Eu comecei a ver tantas crianças e tudo o que elas eram capazes de fazer, não havia nada negativo em não ter um membro. Simplesmente eles não reconhecem a diferença”, ela disse.

Ella aprendeu a usar seu cotovelo como uma mão.

Foto: Laura Holbrook

“Eu gostaria que as pessoas entendessem que Ella é capaz, não é uma deficiência, ela não teve que se adaptar. Ella aos 10 meses estava engatinhando e já caminhava com um pouco mais de um ano. Ela está perfeitamente bem, não há problemas de desenvolvimento, ela pode se vestir e tirar a roupa sem problemas, ela é incrível”. Diz Laura.

 

COMO ELLA VÊ SUA DIFERENÇA DE MEMBROS

A única vez que Ella mencionou sua diferença na aparência foi quando seu novo irmãozinho nasceu. O pequeno Blake, agora com 5 meses de idade. Quando ele chegou em casa, Ella olhou para o irmãozinho e questionou onde estava o braço do Blake. Ella compreendia que ela tinha uma mão e um braço, que era o seu membro mais curto.

 

“Eu disse a ela que Blake tinha duas mãos, e que ela tinha uma. E ela disse: “oh, ok”, e foi embora. Ela não se abalou com isso”. Disse a mãe.

Laura compreende que Ella ainda é muito jovem, e que provavelmente haverão momentos difíceis à frente, mas nada com relação às suas habilidades.

“Eu estou muito preocupada com o bullying, e como eu vou lidar com isso”, ela diz. “Mas nós vamos guiá-la nesse processo, e continuar conversando sobre diferença de membros tanto quanto possível, para que isso se torne natural. Eu quero que ela saiba que ela nunca será limitada por causa de sua diferença de membro”. Afirma Laura.

Ella brinca no balanço igual a qualquer outra criança.

Foto: Laura Holbrook

A JORNADA DE AUTOCONHECIMENTO SOBRE A DIFERENÇA DE MEMBROS

HISTÓRIA DE OUTRA MAMÃE

Mão de dois filhos, Leila Bright é outra mamãe que embarcou na missão de criar uma confiante garotinha, e ajudar a desenvolver uma sociedade que aceita as diferenças. Sua filha de dois anos de idade, Mia, nasceu com uma rara condição de deficiência femural. Isso significa que sua perna esquerda é 2/3 menor que a sua perna direita, devido a um subdesenvolvimento do fêmur.

 

Leila admitiu que incentivava Mia como bebê com um pouco de exagero, porque temia que sua perna pudesse atrasar seu desenvolvimento. Mas agora, ao ver Mia andando de forma independente com uma prótese, e ver ela se tornar essa garota tão confiante, acabou amenizando suas preocupações.

Leila tem a mesma perspectiva de Laura: que a diferença de membro de sua filha não é um aspecto negativo, é apenas diferente.

Leila admite que adultos e crianças ficam olhando para Mia, muito porque ficam intrigados, então ela tenta ser tão clara e aberta quanto possível com sua menina, na esperança de que ela também se sinta confortável para falar sobre sua perna com outras pessoas.

“Somente porque ela tem uma perna menor, não significa que ela seja menos capaz”, diz Leila. “Ela somente faz as coisas de um jeito diferente, na verdade ela é muito capaz”.

“As pessoas não deveriam julgar e presumir que uma criança não seja capaz de fazer alguma coisa. Elas não são incapazes, elas simplesmente fazem as coisas dos seu próprio jeito”.

Mia nasceu com uma perna mais curta que outra.

Foto: : Leila Bright

Mia com seus pais Leila e Brent.

Foto: : Leila Bright

A família ainda está considerando outras opções de tratamento para ajudar no desenvolvimento da perna e do quadril de Mia, o que inclui uma custosa viagem aos Estados Unidos, e a aquisição de múltiplas próteses. A família criou uma página na internet chamada Go Fund Me, para ajudar nos custos do tratamento.

 

Leila também está realizando uma campanha de conscientização para a necessidade de se construir um novo parquinho para crianças na cidade onde mora, que possa receber crianças com diferentes habilidades como Mia, que tem dificuldade para andar em superfícies irregulares e para subir escadas.

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