
ENTREVISTA PAULO AZEVEDO
Texto: Alessandro Souza.
Paulo Azevedo é português e tem 35 anos. Trabalha como ator e palestrante. Recentemente publicou o livro: “Uma vida normal”. Sua experiência de vida e suas histórias nos mostram que o caminho pode não ser fácil, mas com confiança, autoestima e perseverança, não há obstáculo que não possa ser ultrapassado. Como ele mesmo diz: “se não há limites, não há limitações”.


Trago no olhar visões extraordinárias, e na alma,
a força e a crença para as realizar. Eu Acredito!”
Paulo Azevedo
Confira a entrevista da ASSOCIAÇÃO DAR A MÃO com Paulo Azevedo:
DAR A MÃO: Como foi perceber que você era uma criança diferente ou especial com relação às demais?
Paulo Azevedo: Eu percebi desde muitíssimo cedo. A minha família sempre me fez ver que eu era diferente, mas que ser diferente não significava ser inferior. Meus pais sempre conversaram comigo sobre o assunto.
DAR A MÃO: Você questionou seus pais sobre isso? Questionou sua condição?
Paulo Azevedo: Não, nunca. Se eu nasci assim, então sou assim e aprendi a gostar de mim como sou. Isso é um passo muito importante no processo de aceitação.
DAR A MÃO: Algum fato ou situação marcou sua infância?
Paulo Azevedo: Sim. A primeira vez que dei um passo com as minhas próteses e cai. Levantei sozinho e então percebi quer era possível falhar e ficar mais forte para lutar.
DAR A MÃO: Você teve dificuldades de interagir e de se integrar com outras crianças? Você teve dificuldades de socializar?
Paulo Azevedo: Aprendi que quando usava o bom humor com relação à minha diferença, isso deixava de ser uma piada para as crianças cruéis. Talvez por isso eu sempre tenha sido bem aceito.
DAR A MÃO: Conte-nos um pouco da sua experiência no colégio.
Paulo Azevedo: Nem sempre foi fácil. Fui rebelde, tentei viver tudo e ser normal, mas depois me dei conta de que não estava no caminho certo. Fui um bom aluno, fui presidente da associação de estudantes, me tornei um líder.
DAR A MÃO: Hoje, como você vê a sua condição?
Paulo Azevedo: Vejo-me apenas uma pessoa diferente, mas isso todos somos.
DAR A MÃO: Em sua opinião, qual é o melhor caminho para se integrar à sociedade?
Paulo Azevedo: aceitar a si próprio, e gostar de si mesmo.
DAR A MÃO: Qual o segredo para ter uma percepção tão positiva com relação a essa condição física?
Paulo Azevedo: acredito na vida e acredito que nasci assim por algum motivo especial, que eu ainda vou descobrir qual é.
DAR A MÃO: Fale sobre sua experiência profissional.
Paulo Azevedo: comecei fazendo teatro e agora sou ator profissional e palestrante.

DAR A MÃO: Você faz vídeos e palestras motivacionais. Qual é o retorno que vem recebendo?
Paulo Azevedo: Muito bom. É gratificante ver que valeu a pena ter nascido especial e ter superado tantos desafios.
DAR A MÃO: Você questiona muito a questão de limites ou limitações? O que você pode dizer a respeito?
Paulo Azevedo: Digo que quando não há limites, não há limitações.
DAR A MÃO: Você lançou um livro: “Uma vida normal”. Como está sendo compartilhar sua história desta maneira?
Paulo Azevedo: No livro as pessoas podem ver que nem tudo foi fácil, e que a sorte nos procura quando se é uma boa pessoa. Vejo que o meu livro tem ajudado até mesmo pessoas a não cometerem suicídio.

“Eu aprendi a fazer das fraquezas forças e festejei todas as vitórias de uma forma muito especial. Porque na vida só quando se passa por grandes dificuldades se sente o verdadeiro sabor de conseguir, de vencer. Nunca escolhi o caminho mais fácil. Seria simples conformar-me com as verdadeiras limitações e não lutar pelos meus sonhos. Assim não sofreria. Mais tarde pensei: vou lutar sempre, posso não vencer todas as batalhas, mas sei que dou sempre o meu melhor. Cada vez vejo com mais clareza que a deficiência está nos olhos de quem a vê. Eu não a vejo, limito-me a tentar ser uma pessoa como todas as outras e a levar uma vida normal.”
Paulo Azevedo
DAR A MÃO: Qual a sua frase motivacional preferida?
Paulo Azevedo: Ser diferente não sinônimo de ser inferior!
DAR A MÃO: Com base na sua experiência de vida, que orientação você gostaria de dar aos pais de crianças com agenesia ou diferença de membros?
Paulo Azevedo: eu diria para nunca desistirem de ver os filhos fazerem coisas incríveis e de perceber como eles são especiais.
DAR A MÃO: Com base na sua experiência de vida, que orientação você gostaria de dar às crianças e jovens com agenesia ou diferença de membros?
Paulo Azevedo: Vocês são diferentes, mas não são inferiores. Aproveitem as derrotas para se recarregarem para vencerem na grande batalha.
Paulo Azevedo é um exemplo de superação, fé e vitória. Com certeza tem algo muito bom para passar para as famílias da ASSOCIAÇÃO DAR A MÃO e ao público em geral, principalmente a todos aqueles que acreditam na inclusão e na capacidade da pessoa com deficiência.
